quinta-feira, abril 26, 2018

O RENASCIMENTO CELTA

John Duncan, Tristão e Isolda, 1912; têmpera sobre tela; City Art Centre, Edimburgo

Não foi apenas no quattrocento italiano que se assistiu a um Renascimento. Enquanto que neste período foram recuperados os ideais clássicos da Roma antiga, juntamente com a sua expressão artística e literária, no ottocento dá-se um renascer de uma cultura igualmente importante: os celtas.
Entende-se por Renascimento Celta o fenómeno cultural que se iniciou nas Ilhas Britânicas, nomeadamente na Irlanda e na Escócia, durante o século XVIII. Apesar de inserido no panorama historicista deste período, as suas origens recuam, no entanto, até ao século XVI; época em que foram encontradas as primeiras referências ao povo celta nos manuscritos clássicos (Cunliffe: 2010). A necessidade cultural de um passado dignificante originou um investimento na arqueologia, de forma a comprovar a ligação entre estas nações e uma das civilizações mais antigas da Europa, à qual tinham pertencido os míticos druidas (Hutchinson: 2001). Este olhar romântico perdurou até aos finais do século XIX, quando o Renascimento Celta se viu materializado na arte das Ilhas Britânicas, fundindo-se posteriormente com o Simbolismo e a Arte Nova. No entanto, o revivalismo celta não possuiu apenas uma função cultural, tendo sido também motivado por objetivos políticos. 

Excerto de: FERRARI, Patrícia – “O Renascer da Arte Celta nos Entrelaces da Art Nouveau”, ARTIS – Revista de História da Arte e Ciências do Património, s. 2, n. 5, dez. 2017, pp. 156-163.