quinta-feira, março 15, 2018

GUSTAV KLIMT: MULHERES FATAIS E ARABESCOS D’OURO

Imagem: As Três Idades da Mulher, 1905, óleo e folha de ouro sobre tela, Galleria Nazionale d’Arte Moderna, Roma
Gustav Klimt (1862-1918), pintor austríaco, iniciou a sua carreira enquanto pintor académico, mas o enorme erotismo das suas obras determinou o seu afastamento da Academia, pois não era coerente com arte que ali se praticava. Em resposta, Klimt continou a produzir obras cheias de sensualidade, cada vez mais distantes das normas académicas. Em 1897, juntamente com cerca de 40 artistas, Klimt funda a Secessão Vienense, destinada a apoiar e divulgar o trabalho dos artistas excluídos. O artista faleceu em 1918, deixando uma vasta obra. O seu trabalho é sobretudo conhecido pela utilização de folha de ouro e pelos pormenores florais e geométricos - elementos que resultam da inspiração que o artista recolheu da arte bizantina e da influência decorativa da Art Nouveau.
A temática das suas criações prende-se sobretudo com a figura feminina. A mulher tem o papel principal na pintura de Gustav Klimt, é transversal a toda a sua obra. Desde o realismo classicista às composições efusivas de inspiração bizantina, a figura feminina está presente em quase todos os seus quadros, sejam alegorias ou retratos, a mulher é uma obsessão do pintor. Klimt representa-a como uma deusa, um ser superior e perfeito, enquanto lhe confere também um ar pecaminoso e tentador, através do seu olhar e da nudez do seu corpo. Fá-lo em várias perspectivas: a mãe protectora, a ninfa provocadora, a dama da alta sociedade, a amante carinhosa ou a figura alegórica; revelando as várias facetas deste sexo. As mulheres de Klimt são, ao mesmo tempo, doces e fatais, apresentando um dualismo entre a imagem imaculada de uma deusa e o olhar feroz de um demónio tentador. Klimt explora e representa a mulher de uma forma única, transmitindo o seu fascínio e mostrando a beleza feminina em todo o seu esplendor e naturalidade, estas musas não são simples figuras, elas têm poder e o observador consegue senti-lo.
Restante texto:
Por Patrícia Ferrari